terça-feira, 15 de maio de 2007

Fotos da dupla


Daniela Barbosa Arantes e Luciana Feitosa

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Micromorfologia das articulações

As articulações são compostas pelo tecido ósseo e pelo tecido cartilaginoso.

O tecido cartilaginoso, ou simplesmente cartilagem, é um tecido elástico e flexível, branco ou acinzentado, aderente às superfícies articulares dos ossos. Também é encontrado em outros locais como na orelha, na ponta do nariz. É formado por condrócitos e condroblastos (células) , revestido pelo pericôndrio (fibrocartilagem nao possui pericondrio). O tecido serve para dar forma e sustentação a algumas partes do corpo, mas com menor rigidez que os ossos e também serve para não dar atrito entre os ossos. No tecido cartilaginoso não existem vasos sanguíneos, nervos e vasos linfaticos.


Cartilagem de crescimento, ou disco epifisário, é uma cartilagem presente na epífise dos ossos longos jovens, modulando seu crescimento.
Ao contrário dos outros tecido conjuntivos, a cartilagem não possui vasos sanguíneos ou nervos, com exceção do pericôndrio (peri = ao redor; condros = cartilagem), a túnica de tecido conjuntivo denso não-modelado que reveste a superfície da cartilagem.

Composição
O tecido conjuntivo cartilaginoso é composto por células, fibras proteicas, substância intercelular e condrina (substância mucopolissacarídea com consistência de borracha).

Células
Condrócitos e seus precursores, conhecidos como condroblastos são as células comumentes encontradas na cartilagem.

Fibras proteicas
Colágeno em grande quantidade e poucas fibras elásticas. Na cartilagem hialina, colágeno tipo II corresponde a 40% de seu peso seco.

Matriz
O principal constituinte da matriz extracelular são os proteoglicanos (proteo = Proteína; glicano = Polissacarídeos), um tipo de glicosaminaglicano. Os tipos mais comuns de proteoglicanos presentes são: sulafto de conroitina e sulfato de queratina

Locais onde se encontram os tipos de cartilagem:

Cartilagem hialina: Possui moderada quantidade de fibras colágenas. Forma o primeiro esqueleto do embrião, que, depois, é substituído por osso. Mesmo assim, alguns locais dos ossos ainda mantêm esse tipo de cartilagem. Ela é a mais abundante do corpo humano. É encontrada no disco epifisário, fossas nasais, brônquios e na traquéia.

Cartilagem fibrosa: Apresenta abundante quantidade de fibras colágenas. É encontrada nos chamados discos intervertebrais (em azul, número 6 e 7, na figura ao lado) e na sínfise pubiana. Suporta altas pressões.

Cartilagem elástica: Pequena quantidade de colágeno e grande quantidade de fibras elásticas. É encontrada no pavilhão auditivo, no conduto auditivo externo, na epiglote, na tuba auditiva e na laringe.


Foto:

Cartilagem elástica.


O tecido ósseo é um tecido conjuntivo bem rígido, encontrado nos ossos do esqueleto dos vertebrados, onde ele é o tecido mais abundante. Suas funções principais são:

sustentar o corpo;

permitir a realização de movimentos;
proteger certos orgãos;
realizar a produção de elementos celulares do sangue.

As diferentes células envolvida e dois componentes da matriz mesenquimal óssea, que obrigatoriamente devem ser avaliados simultâneas em seus dois compartimentos o protéico e inorgânico, tornando necessária e fundamental uma breve revisão do papel do tecido mesenquimatoso durante todo o desenvolvimento embrionário.

As células mesenquimatosas indiferenciadas além da capacidade de se mover através dos tecidos, têm o potencial de se dividir rapidamente e se diferenciar em células especializadas do tecido músculo esquelético; como exemplo, em células de cartilagem, osso, tecidos fibrosos densos e músculos. Inúmeros fatores sistêmicos relacionados como a nutrição, com o equilíbrio hormonal ou ainda combinados com outros fatores locais (oxigênio, citocinas, nutrientes e etc) que serão discutidos em capítulo específico, influenciam a proliferação e a diferenciação das células mesenquimatosas.

Os fatores locais e sistêmicos interagem com o potencial genômico das células-tronco indiferenciadas para determinar a sua progressão até as células altamente diferenciadas, como os condrócitos e osteócitos. As células mesenquimatosas indiferenciadas dão origem a vários tipos de células e o processo de diferenciação depende dos estímulos oriundos do meio. Assim, as células mesenquimatosas podem assumir várias formas dentre os quais destacamos: eritrócito, leucócito, macrófago, adipócito, célula muscular lisa, condrócito, fibroblastos, osteoblasto que por sua vez origina o osteócito.

É importante realçar que o osso, in natura, possui uma matriz protéica que perfaz respectivamente 70% do volume e 30% do peso do osso; enquanto que a matriz inorgânica, que é formada principalmente pelo fosfato de cálcio, corresponde apenas a 35% do volume e 60% do peso do osso. Os complementos restantes são devidos a outros elementos e principalmente a água. É conceito primário da física dos materiais que a estrutura de subsistência de qualquer substância, produto, objeto ou do corpo humano é a responsável pela sua resistência e sustentação. Logo, até pelo simples conhecimento da física básica, é possível entender de forma direta e simples, a razão do colágeno ósseo, estrutura de sustentação de vários tecidos humanos, inclusive do osso, estabelecer relação direta entre sua deterioração e o risco de fratura.

Sendo o tecido ósseo altamente vascularizado, todo o esqueleto recebe a cada minuto 10% de todo o débito cardíaco, revelando a importância de uma eficaz perfusão sanguínea óssea, para oferecer nutrientes básicos essenciais para a adequada síntese de colágeno.

Apesar de ser o mais importante componente da matriz mesenquimal óssea, outras proteínas participam do processo de iniciação da mineralização óssea, que corresponde a ligação do componente mineral à matriz protéica. Na fase inicial ocorre um contato íntimo, estreito, da hidroxiapatita com as fibrilas do colágeno, se situando em locais específicos que são denominados de “buracos “ que existem entre as fibrilas que compõem a tri hélice do colágeno. Essa disposição arquitetural sobre a matriz protéica básica resulta em um produto bilamelar, que é responsável pelas propriedades mecânicas do osso, sendo portanto capaz de resistir a todo tipo de estresse mecânico.

Por sua vez, o colágeno propicia a todos os tipos de tecidos conjuntivos a sua forma básica e no tecido ósseo é o principal responsável pela resistência tênsil (resistência à fratura). No entanto, os tipos, as concentrações e a organização do colágeno são variáveis em cada tecido. O colágeno tipo I forma as fibrilas de feixes transversais que podem ser observados na microscopia eletrônica em todos os tecidos conjuntivos.

Foto:

Camada externa do tecido ósseo (osso compacto).

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Curiosidade



Artrite na ovelha Dolly preocupa cientista. Uma artrite na pata traseira esquerda da ovelha Dollly está preocupando o mundo científico. Inúmeros estudos tentam revelar a causa da doença, porém já é quase certo que a artrite se deve ao fato de a ovelha clonada apresentar envelhecimento precoce. Se tal fato for comprovado, os cientistas que estudam a clonagem terão um grande problema pela frente.

Algumas doenças

Artrites

Caracterizadas pela pesença de células inflamatórias na membrana sinovial, mas a natureza reflete-se no volume e caráter do líquido articular
Artrite bacteriana: incomum em cães e gatos, mas comum em animais de produção, nos quais é hematógena e poliarticular. Bacteremia neonatal secundária à onfalite e entrada orointestinal – poliartrite em cordeiros…..Algumas artrites são facilmente resolvidas, quando o microorganismo é facilmente eliminado, em outras, as bactérias podem persistir, podendo tornar-se crônico.

Agentes:
Actinomyces pyogenes - uma das causas mais comuns de artrite em bovinos e suinos
Osteomielites induzidas por bactérias podem estender-se através do córtex da metáfise para a articulação.

Erysipelohtrix rhusiopathiae causa septicemia em suínos – poliartrite crônica e dolorosa é uma seqüela comum, inicialmente a artrite é fibrinosa, torna-se linfoplasmocitária com acentuada hipertrofia das vilosidades da membrana sinovial.

E. coli e estreptococos em bezerros neonatais e leitões (articulações, meninges e superfícies serosas – serofibrinosa aguda tornando-se purulenta.

Haemophylus parasuis (Glasser) em suinos entre 8 e 16 semanas de idade, poliartrite e polisserosite fibrinosa e meningite.

Meningoencefalite tromboembólica por Haemophilus somnus em bovinos.

Mycoplasma bovis causa poliartrite fibrinosa em bovinos de confinamento, laminite e tumefação das articulações sinoviais.

M. hyorhinis – poliartrite fibrinosa e polisserosite em suinos na época do desmame.

Virus da CAE causa artrite crônica em caprinos mais velhos. A doença é causada por claudicação debilitante.

A artrite no cão é freqüentemente classificada como erosiva ou não erosiva. Artrite reumatóide no cão é pouco comum.

Doenças degenerativas da articulação:

Osteoartirte ou osteoartrose
Aumento de volume e deformidade das articulações em graus variados, dor e mau funcionamento articular.

Osteocondrose
Falha ou retardamento focal ou multifocal na ossificação endocondral. Envolve a placa de crescimento metafisário e o complexo cartilagem articular-epifisária.
Pode ter participação no mau desenvolvimento das superfícies articulares (displasia coxofemural) e na bambeira (wobbler) eqüina.
Fendas podem se desenvolver nos locais de retenção da cartilagem. Essas fendas formam-se ao longo de linhas de necrose. A separação do complexo cartilagem articular epifisária do osso epifisário origina “flaps”ósseos ou fragmentos intra-articulares de cartilagem. Esse processo é chamado de osteocondrite dissecante. Desenvolve-se em várias articulações, incluindo as faces da coluna vertebral. Podem estar associadas à dor, efusão articular, e sinovite não supurativa.

Epifiseólise
Lesão de osteocondrose, mas não é associada à retenção de cartilagem. Representa a separação entre epífise e osso metafisário e, provavelmente envolve algum grau de trauma sobre uma placa de crescimento metafisária degenerada. A cabeça do fêmur pode estar envolvida em suinos de terminação e marrãs jovens.



Foto:

A artrite em elefantes, decorrente da falta de espaço nos cativeiros nos EUA.

quinta-feira, 19 de abril de 2007

Artrite-encefalite dos caprinos

Doença: A artrite-encefalite caprina é uma doença exótica, introduzida no Brasil pela inadequada importação de reprodutores de países, que convivem de forma perigosa com a doença. Sua disseminação em nosso país deu-se através da indiscriminada distribuição de matrizes, com excelente padrão genético, porém infectadas, em regiões de tradicional criação de caprinos. Vários estados brasileiros já se mobilizaram no sentido de investigar a real situação de seus rebanhos, quanto a infecção dos caprinos pelo vírus da CAE (CAE – abreviação do inglês Caprine Arthritis-Encephalitis). Todavia os resultados obtidos têm sido alarmantes, causando grande preocupação aos criadores e aos médicos veterinários, pois os estudos clínicos epidemiológicos conduzidos nos referidos estados brasileiros, tem demonstrado a cada ano o crescente número de animais infectados e a diminuição do número de rebanhos isentos dessa infecção.

Nas várias regiões de criação de caprinos, principalmente de raças leiteiras, tem sido relatados casos clínicos isolados, envolvendo animais infectados pela CAE, esses casos tornam-se mais freqüentes e evidenciados, sobretudo pelo crescente número de caprinos acometidos por artrites, mamites e pneumonias.
CAE é uma enfermidade infecciosa viral específica de caprinos, de difícil controle, sobretudo pela indisponibilidade de vacinas e pela ampla distribuição da doença em plantéis de excelente qualidade zootécnica e grande valor econômico.

Prejuízos: Por sua ampla difusão a CAE é considerada cosmopolita e causadora de enormes prejuízos à pecuária de inúmeros países produtores de laticínios de excelente qualidade. A enfermidade geralmente tem evolução crônica, caracterizando-se por apresentar longo período de incubação, com evolução clínica lenta, progressiva e inexorável; sendo todos os tipos raciais de caprinos susceptíveis à infecção e à doença.

Foi inicialmente descrita nos Estados Unidos, sob a forma clínica de leucoencefalomielite dos caprinos, sendo observada quase que exclusivamente em cabritos, na faixa etária de um a quatro meses de idade. A seguir estabeleceu-se que a doença caracterizava-se por quatro formas clinicamente distintas: nervosa, articular, respiratória e mamária.

Economia: os prejuízos econômicos decorrentes de qualquer uma das quatro formas clínicas da CAE foram considerados significativos, principalmente pela diminuição do período de vida produtiva do animal: diminuição gradativa da produção de leite, predispondo a glândula mamária às infecções, causando agalaxia e endurecimento da mama, desvalorizando comercialmente os animais de criatórios considerados infectados. Além do mais, o controle sanitário do rebanho é considerado de difícil idealização, condução ou acompanhamento e os programas de controle e/ou de erradicação demorados e muito dispendiosos.
A infecção dos caprinos pelo vírus da CAE foi considerada como um estado vital permanente, pois o vírus persiste no organismo por toda a vida do animal, havendo a possibilidade da viremia ser permanente, fato que facilitaria a transmissão do vírus, através de fômites, agulhas, tatuadores, aplicadores de brincos e material cirúrgico contaminado com sangue de animal infectado. A transmissão da infecção pelo vírus causador da CAE, por via transplacentária ou por monta natural, em caprinos, ainda não foi comprovada de forma insofismável. O aleitamento coletivo adotado em criações intensivas, foi relatado como uma forma de manejo que favoreceria a disseminação da infecção viral.


Diagnóstico: O diagnóstico da infecção determinada pelo vírus da CAE pode ser estabelecido por métodos indiretos (detecção de anticorpos no soro sangüíneo) ou diretos pelo isolamento ou comprovação da presença do vírus causador da doença.

Algumas fotos:


Caprino infectado pelo vírus da CAE apresentando a forma clínica articular da enfermidade: artrite da articulação do carpo.


Caprino infectado pelo vírus da CAE apresentando a forma clínica articular da enfermidade: artrite da articulação do carpo, atitude, postura e aprumos anormais.


Cabrito infectado pelo vírus da CAE apresentando a forma clínica nervosa da enfermidade: tetraparesia.

Artrologia

Conceito: é o estudo das articulações (junção de dois ou mais ossos).
Classificação:
Ø Sinartroses ou Fibrosas: são todas as articulações nas quais os ossos são mantidos por tecido conjuntivo fibroso, conhecido como ligamento sutural. Há dois tipos principais de articulações fibrosas: suturas e sindesmoses. Dependendo em parte do comprimento das fibras de tecido conjuntivo que mantém os ossos unidos.


· Suturas: as extremidades dos ossos têm interdigitações ou sulcos, que os mantêm unidos. Assim, as fibras de conexão são muito curtas preenchendo uma pequena fenda entre os ossos. Este tipo de articulação é encontrado somente entre os ossos planos do crânio. Na maturidade, as fibras da sutura começam a ser substituídas completamente, os de ambos os lados da sutura tornam-se firmemente unidos, fundidos. Esta condição é chamada de sinostose.
Termos morfológicos:
- Serrátil;
- Denticulada;
- Escamosa;
- Limbosa;
- Plana;
- Esquindilese.

.
Sindesmoses: o tecido que matem os ossos é também o conjuntivo fibroso, porém não ocorre nos ossos do crânio. A Nomenclatura Anatômica registra apenas dois exemplos: sindesmose tíbio-fibular e sindesmose radio-ulnar.

· Gonfoses ou cavilha: é uma articulação fibrosa especializada restrita à fixação dos dentes nas cavidades alveolares na mandíbula e maxilas. O colágeno do periodonto une o cemento dentário com o osso alveolar.

Ø Anfiartrose ou Cartilaginosa: os ossos são unidos por cartilagem por serem possíveis pequenos movimentos nestas articulações.

Sincondroses: os ossos estão unidos por uma cartilagem hialina. Muitas delas são articulações temporárias, com a cartilagem sendo substituída por osso com o passar do tempo (isso ocorre em ossos longos e entre alguns ossos do crânio). As articulações entre as dez primeiras costelas e as cartilagens costais são sincondroses permanentes.
Sincondroses cranianas:

- Esfeno-etmoidal;
- Esfeno-petrosa;
- Intra-occipital anterior;
- Intra-occipital posterior;
- Sincondroses pós-cranianas:
- Epifisiodiafisárias;
- Epifisiocorporal;
- Intra-epifisária;
- Múltipla;
- Esternais;
- Manúbrio-esternal;
- Xifoesternal;
- Sacrais.

Sínfises: As superfícies articulares dos ossos estão cobertas por uma camada de cartilagem hialina. Entre os ossos da articulação há um disco fibrocartilaginoso é característica distintiva da sínfise. Esses discos por serem compressíveis permitem que a sínfise absorva impactos. A articulação entre os ossos púbicos e a articulação entre os corpos vertebrais são exemplos de sínfises. Durante o desenvolvimento as duas metades da mandíbula estão unidas por uma sínfise mediana, mas essa articulação torna-se completamente ossificada na idade adulta.
As sínfises:

- manúbrio-esternal;
- intervertebrais;
- sacrais;
- púbica;
- do mento

Ø Diartrose ou Sinovial: as faces articulares dos ossos não estão em continuidade. Elas estão cobertas por uma cartilagem hialina especializada e o contato está restrito a esta cartilagem. O contato é facilitado por um líquido viscoso, o líquido sinovial. Essas articulações são revestidas por uma cápsula fibrosa.
· Cápsula Articular: membrana conjuntiva que envolve a juntura sinovial como um manguito. Apresenta-se com duas camadas: a membrana fibrosa (externa) e a membrana sinovial (interna). A primeira é mais resistente e pode estar reforçada, em alguns pontos por feixes também fibrosos, que constituem os ligamentos capsulares, destinados a aumentar sua resistência. Em muitas junturas sinoviais, todavia, existem ligamentos independentes da cápsula articular denominados extra-capsulares ou acessórios e em algumas, como na do joelho, aparecem também ligamentos intra-articulares. Ligamentos e cápsula articular tem por finalidade manter a união entre os ossos, mas além disso, impedem o movimento em planos indesejáveis e limitam a amplitude dos movimentos considerados normais. A membrana sinovial é a mais interna das camadas da cápsula articular. É abundantemente vascularizada e inervada sendo encarregada da produção da sinóvia. Discute-se se a sinóvia é uma verdadeira secreção ou um ultra-filtrado do sangue, mas é certo que contem ácido hialuronico que lhe confere a viscosidade necessária a sua função lubrificadora.

Discos e meniscos: Em várias junturas sinoviais, interpostas as superfícies articulares, encontram-se formações fibrocartilagíneas, os discos e meniscos intra-articulares, de função discutida: serviriam a melhor adaptação das superfícies que se articulam( tornando-as congruentes ) ou seriam estruturas destinados a receber violentas pressões, agindo como amortecedores. Meniscos, com sua característica forma de meia lua, são encontrados na art. do joelho. Exemplo de disco intra-articular encontramos nas arts. esternoclavicular e ATM.
O movimento das articulações depende, essencialmente da forma das superfícies que entram em contato e dos meios de união que podem limitá-lo. Na dependência destes fatores as articulações podem realizar movimentos de um, dois ou três eixos.
Este é o critério adotado para classificá-las funcionalmente. Quando uma articulação realiza movimentos apenas em torno de um eixo, é chamada de monoaxial ou que possui um só grau de liberdade; será biaxial a que os realiza em torno de dois eixos ( 2 graus de liberdade); e triaxial se eles forem realizados em torno de três eixos (3 graus de liberdade). Assim as articulações que só permitem a flexão e extensão, como a do cotovelo, são monoaxiais; aquelas que realizam extensão, flexão, adução e abdução, como a rádio-cárpica ( art. do punho), são biaxiais; finalmente as que além de flexão, extensão, abdução e adução, permitem também a rotação, são ditas triaxiais, cujos exemplos típicos são as articulações do ombro e do quadril.

Algumas Diartrose
·
Coluna Vertebral
· ATM
· Ombro
· Cotovelo
· Rádio-Cárpica
· Quadril
· Joelho
· Tibio-Fibular
· Talo-Crural


Exemplos de articulações:


1. Articulação coxofemoral de bovino.


2. Articulação fêmuro-tibio-patelar de bovino.



Bibliografia: http://www.anatomiaonline.com/artrologia.htm

Foto: Laboratório de anatomia da FAZU.

quinta-feira, 8 de março de 2007

Prótese coxofemoral em cães: relato de dois casos

RESUMO
Foram realizadas duas cirurgias de prótese total da articulação coxofemoral em cão. Em um caso observou-se luxação caudal da prótese 72 horas após a cirurgia, que foi reduzida pelo método fechado, mantendo-se bandagem de Ehmer por 15 dias.O segundo caso evoluiu favoravelmente sem complicações pós-operatórias.Os dois pacientes foram avaliados periodicamente por 18 meses, mostrando desempenho clínico satisfatório, o que mostra a eficiência da técnica.


INTRODUÇÃO
As lesões incapacitantes temporárias ou permanentes que acometem a articulação coxofemoral canina são freqüentes (Massat, 1995). No cão atleta, os principais problemas são decorrentes de trauma externo, ocasionando luxações de cabeça femoral, fraturas acetabulares e fraturas de cabeça e/ou colo femoral. Outras lesões observadas são a displasia coxofemoral e as decorrentes de treinamento (Wendelburg, 1998). No entanto, na prática ortopédica veterinária a displasia coxofemoral tem sido a alteração mais comum em diversas raças, correspondendo aproximadamente a 25% dos casos (Richardson, 1992). Oitenta e dois por cento dos pacientes submetidos à prótese total da articulação, o são devido à displasia coxofemoral (Montgomery et al., 1992). Essa afecção é caracterizada pela instabilidade da articulação em animais imaturos, que resulta em má articulação dos componentes articulares e conseqüentemente no desencadeamento da doença articular degenerativa (Manley, 1993).
Os principais procedimentos cirúrgicos utilizados para o tratamento dessa alteração são osteotomia pélvica tríplice, osteotomia intertrocantérica, excisão artroplástica de cabeça e colo femorais e a prótese total da articulação (Fossum et al., 1997). O objetivo deste trabalho é relatar dois casos de prótese total cimentada da articulação coxofemoral.

CASUÍSTICA
Caso n° 1 (experimental) - Foi selecionado um animal, sem raça definida, no canil da prefeitura de Belo Horizonte, com 20kg de peso. Realizou-se radiografia ventro-dorsal da articulação coxo-femoral, verificando-se ausência de alterações osteo-articulares. O animal foi preparado para cirurgia ortopédica empregando-se a abordagem e técnica cirúrgica descritas por Olmstead (1987). Após preparação, foram implantados a prótese de aço inoxidável cimentada não modular (modelo Richards II), de tamanho médio (8mm de diâmetro) e componente acetabular de polietileno de ultra-alto peso molecular com diâmetro interno de 17mm e externo de 25mm. Foi feita profilaxia antibiótica trinta minutos antes da cirurgia com cefalotina sódica via intravenosa na dose de 30mg/kg e repetida 90 minutos após a primeira aplicação. A cefalotina foi continuada no pós-operatório a cada 12 horas até o resultado negativo de cultura bacteriana. Foi administrado cetoprofeno 1,0mg/kg por três dias. O animal foi mantido no pós-operatório em canil individual com restrição dos movimentos.
Nas radiografias pós-operatórias observou-se posição varus da haste coxofemoral na incidência ventro-dorsal (Fig. 1a) e posição neutra na médio-lateral (Fig. 1b).





No terceiro dia de pós-operatório, verificou-se claudicação acentuada sem apoio do membro. Foi realizada radiografia coxofemoral ventro-dorsal que mostrou luxação caudo-dorsal do implante (Fig. 2a). No animal anestesiado foi realizada redução fechada da articulação protética, seguindo-se colocação de bandagem tipo Ehmer por 15 dias (Fig. 2b).



Após a retirada da bandagem, o paciente mostrou acentuada hipotrofia muscular sem apoio do membro. Foi feita fisioterapia durante duas semanas, iniciando cada sessão com movimento passivo por 15 minutos, seguindo-se caminhada controlada em areia por 30 minutos. Após a fisioterapia o animal retornou à deambulação com apoio total do membro. Entretanto, foi evidenciada abdução na posição ortostática e em deambulação verificava-se acentuada rotação externa do membro, que reduziu para discreta com deambulação satisfatória após 18 meses. O paciente foi acompanhado mensalmente e foram feitas radiografias em intervalos de seis meses, evidenciando posição adequada do implante.
Caso n.° 2 - Em julho de 2000 foi apresentado no hospital veterinário da Universidade Federal de Minas Gerais um cão da raça pastor alemão, macho, de oito meses de idade, com 31kg de peso, que mostrava claudicação dos membros posteriores, mais acentuada no esquerdo, e andar bamboleante. Ao exame ortopédico verificou-se abdução dolorosa e instabilidade coxofemoral bilateral mais acentuada na articulação esquerda. A radiografia ventro-dorsal da pelve mostrou alterações ósseas compatíveis com displasia coxofemoral. As articulações mostravam sub-luxação, mais acentuada no membro esquerdo. Foi prescrito carprofeno1, 75mg a cada 12 horas por 15 dias e dois comprimidos de sulfato de condroitina diários por 30 dias. Após esse período, o cão apresentou vômito com permanência do desconforto à abdução coxofemoral. O sulfato de condroitina2 foi substituído por Osteorcart 703, três comprimidos por 90 dias, ao final dos quais foi feito controle médico e constatada melhora no grau de claudicação. Também foi aconselhada a realização de fisioterapia.
Em março de 2001 foram realizadas novas radiografias, sendo observado agravamento da deformidade da cabeça e colo femorais e do acetábulo (Fig. 3a). Foi sugerida a substituição articular por prótese total. O animal foi preparado para cirurgia sob protocolo de cefalotina e cetoprofeno como descrito no caso anterior.





Usou-se prótese modular de aço inoxidável cimentada4 de tamanho médio (8mm de diâmetro) e componente acetabular de polietileno de ultra-alto peso molecular com diâmetro interno de 17mm e externo de 27mm. Foi recomendado manutenção do cão no canil por 15 dias, seguindo-se restrição de exercícios por dois meses. Foram realizadas radiografias nas posições ventro-dorsal e médio-lateral sendo observado posição neutra do implante na incidência ventro-dorsal (Fig. 3b) e posição cranial com direcionamento caudal da ponta da haste coxofemoral na incidência médio lateral (Fig. 3c). O cão mostrou deambulação normal a partir do terceiro dia de pós-operatório com apoio completo do pé na posição de micção. No segundo e terceiro mês após a cirurgia o paciente podia correr, confirmando-se a resposta clínico-cirúrgica satisfatória.
Ambos os pacientes foram novamente avaliados aos 18 meses após a cirurgia, evidenciando-se recuperação muscular, adequação dos tecidos à posição do implante e deambulação satisfatória no exame clínico ortopédico do primeiro caso. Atualmente esse paciente permanece como doador de sangue no hospital veterinário. O segundo caso mostrou desempenho físico satisfatório, com aumento aparente da massa muscular no membro operado, sugerindo maior suporte de peso neste e alivio da articulação displásica contra-lateral.

DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
A maioria das complicações dessa técnica cirúrgica acontece aproximadamente até o quarto mês de pós-operatório (Olmstead et al., 1983), observando-se diminuição de sua incidência após 18 meses (Olmstead, 1987).
A luxação do implante é a complicação mais freqüentemente relatada no cão (Olmstead et al., 1983; Massat e Vasseur, 1994; Olmstead, 1995; Tomlinson e Mc Laughlin, 1996), observada no primeiro caso deste trabalho. A luxação pode ser atribuída a exercício precoce, inadequada orientação tanto do componente acetabular quanto do femoral e trauma externo (Montgomery et al., 1992). Nesse caso, provavelmente, decorreu de colocação e orientação inadequadas dos componentes femoral e acetabular. A colocação antevertida e com aumentado ângulo de abertura lateral do componente acetabular predispõem à luxação dorsal no pós-operatório imediato (Massat, 1995), como observado nesse paciente. A utilização de prótese não modular, cujo colo femoral é fixo e não pode ser ajustado à geometria do paciente no ato operatório, pode ter contribuído para essa complicação. Um colo protético muito longo pode explicar a abdução do membro (Dyce et al., 2000) observada no paciente.
Diferentes variáveis influenciam a posição do componente femoral como o nível de ostectomia do colo femoral, a remoção do bloco sub-trocantérico, o direcionamento durante a inserção da haste e o diâmetro e tamanho da haste (Wylie et al., 1997; Schulz et al., 1998; Schulz, 2000). Os posicionamentos varus e inclinação caudal da ponta do implante são os mais freqüentemente verificados em cães como observado neste trabalho, porém são relacionados com afrouxamento do implante no homem (Schulz et al., 1998).
A prótese total coxofemoral é uma das técnicas mais efetivas no tratamento das alterações artríticas que acometem a articulação coxofemoral no cão, apresentando-se como a alternativa mais adequada em cães adultos com displasia coxofemoral.